Aos que guardam e, mercê de Deus, querem continuar guardando a integridade do Sagrado Depósito da Fé Católica Apostólica e Romana, Pax Christi in Regno Christi:
Eis que Sua Excelência Reverendíssima o senhor Monsenhor Richard Williamson, o impávido e sereno guerreiro da Fé, um dos Bispos deixados pelo heroico sangue de Mons. Marcel Lefebvre para continuar seu profícuo trabalho em defesa da vitalidade da Fé e da Santidade na Igreja, digo, este admirável Mons. Richard Williamson, foi expulso da Fraternidade São Pio X pela ainda acatada Direção Suprema da entidade, isto é, por Mons. Bernard Fellay e seu Conselho.
Logo após a citada punição, chegamos ao conhecimento da serena, firme, justa e caridosa resposta que a isso deu o admirável Prelado injustiçado.
O acontecimento faz recordar outro semelhante. Conta-se que, ao tomar conhecimento do ato declaratório de sua excomunhão, levado a efeito pelas Autoridades Romanas do tempo do infeliz reinado de João Paulo II, Sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Mons. Marcel Lefebvre teria, com justeza, declarado que o ato nada significava, já que ele nunca pertencera à Igreja Modernista, nascida do Vaticano II. Era ser expulso de uma entidade da qual nunca fizera parte.
A mesma coisa, com toda propriedade, declarou o nosso injustiçado e ilustre Prelado, na carta aberta que publicou em reposta ao infeliz decreto de expulsão que recebeu de Mons. Fellay: … “esta expulsão será mais aparente que real. Eu sou membro da Fraternidade de Mons. Lefebvre desde o meu compromisso de incorporação a ela até a perpetuidade. Eu sou um de seus sacerdotes há 36 anos. Como vós, eu sou um de seus Bispos, já há quase um quarto de século. Isso não se risca com uma canetada e, portanto, eu continuo sendo membro da Fraternidade.”
“Se vós tivésseis permanecido fiel à herança dele e tivesse eu sido comprovadamente infiel, eu reconheceria perfeitamente vosso direito de me expulsar. Mas como as coisas estão ocorrendo diversamente, espero não faltar ao respeito para com vossa função, se sugiro, para a glória de Deus, para a salvação das almas, para a paz interna da Fraternidade e para vossa própria salvação eterna, que faríeis melhor em demitir-vos a vós mesmo da dignidade de Superior Geral do que me expulsar. Que o Bom Deus vos conceda a Graça, a Luz e as forças necessárias para executar um ato deste de insigne humildade e devotamento ao bem comum de todos, E agora, como muitas vezes terminei as cartas que vos tenho enviado, desde anos, Dominus tecum.”
Assim, de modo comovente, repleto de fé e caridade o admirável Mons. Williamson, o denegrido, o “marcado”, como outros têm a coragem de dizer, termina o católico monumento de sua admirável carta aberta em resposta ao infeliz Mons. Fellay.
É assim que misteriosamente mas evidentemente o Bom Deus transfere o cetro da Verdade das mãos de Mons. Lefebvre para as de Mons. Richard Williamson, Eis que a Inglaterra, que no século XVI, com Henrique VIII, traiu sua Mãe, a Santa Igreja, por outro inglês, desagrava a mesma Mãe, Deus seja bendito.
Diante do universal estrago com que o Catolicismo Liberal vem devastando a Igreja a começar de sua Hierarquia central, Mons. Williamson continua firmemente fiel ao sagrado legado de seu Fundador Mons. Lefebvre.
O senhor Bispo continua seguindo a última determinação de Mons. Lefebvre de não aceitar qualquer tipo de acordo prático com as autoridades romanas, enquanto elas não repudiarem os erros que vêm professando e se declararem em perfeita comunhão com as condenações e advertências doutrinárias pronunciadas pelos últimos Papas anteriores a João XXIII, isto é, de Gregório XVI a Pio XII.
A constante traição, levada a efeito pela Direção Suprema da Fraternidade São Pio X, nos últimos 12 anos e agora posta plenamente a descoberto em nível mundial para amigos e inimigos, e que tem, na publicação da carta de resposta de Mons. Fellay aos três outros Bispos que Mons. Lefebvre consagrou, datada de abril deste catastrófico ano de 2012, seu texto de importância máxima, revela o ânimo revolucionário da atual chefia da antiga Fraternidade São Pio X. O mais trágico de tudo isso é o modo com que as coisas estão sendo conduzidas, escapulindo da iminência da assinatura de um acordo prático em junho último “porque Roma não tolera mais” (D. Fellay), acordo esse à revelia das recomendações do Capítulo de 2006, celebrado pela Fraternidade, e indo em direção a uma nova tática bem mais eficiente de envenenamento ou entorpecimento geral. Assim, em vez de um acordo apressado, que acabaria dividindo a Fraternidade em duas porções distintas e opostas uma à outra, passaram através de uma mudança de aparência na cara da Direção, para um esforço que infelizmente está sendo muito bem sucedido, a conseguir acalmar os descontentes, conduzindo-os mais suavemente para rotas liberais ou semi-liberais.
Contra o que seria de esperar (mistério!), os outros principais e conspícuos líderes da Resistência Católica dentro da Fraternidade, ela que era o Carro-Chefe da vitalidade católica, num todo, contra o Maligno, esses grandes líderes mostram-se tranquilos, aceitando uma convivência com os novos inimigos, já insofismavelmente desmascarados. Também aqui e ali grupos amigos, que já têm uma gloriosa folha de serviços em favor da Verdade, talvez por causa de interesses menores ainda que não destituídos de valor, vão deixando as armas, o que provoca incontestável risco de envenenamento, ao menos muito lento, além da gravidade da omissão. Proh dolor! É quase desesperador ver Bispos admiráveis calados, ou inoperantes ante o crescente sucesso da invasão interna do inimigo, pregando obediência a um chefe traiçoeiro, refinadamente astuto, que deveria ter sido alijado do poder com seus auxiliares, por um Capítulo sadio. E isso quando todos nós já aprendemos suficientemente que a obediência tem como fundamento a Santa Vontade de Deus e isso é tão duramente real, que já há muitos anos estamos, por causa dos direitos supremos de Deus, manifestados na Sagrada Tradição, desobedecendo até a ordens do Papa, detentor na Terra do supremo Poder, e não percebemos que, se podemos ser forçados a desobedecer ao Papa, por nós inamovível, como não se pode desobedecer ao superior de uma congregação perfeitamente removível, em caso de verdadeira necessidade?
O Capítulo de julho de 2012 teve a covardia de aprovar a ausência de Mons. Williamson e trocar a orientação do Santo Fundador, ao admitir a possibilidade de novas condições para um acordo com a Roma Modernista em vez de permanecer fiel à única condição aceitável e por Mons. Lefebvre determinada, que é a conversão da Roma Modernista à integridade bimilenar da profissão de fé na plenitude da ortodoxia católica, isto é, a Sagrada Tradição.
A desmoralização em que caiu a Fraternidade, sobretudo depois do vergonhoso pacifismo com que têm se comportado grandes figuras da até então mundialmente respeitada entidade, ante as manobras, muitas delas nada veladas, do chefe e de seus mais íntimos apoiadores, levou a situação a tal estado, que mesmo que substituam D. Fellay por qualquer outro, a confiança, esse belo vaso de cristal sem fissuras, não se recuperará. Somente o surgimento de uma Reforma como no passado uma Santa Teresa fez no Carmelo, poderá começar lentamente a levantar a desmoronada obra-prima de Mons. Lefebvre.
Não posso terminar sem cumprir a grave obrigação de fazer um apelo aos padres fiéis, porém medrosos, que falaram e ainda estão falando anonimamente, muitas vezes com admirável acerto, contra a realização desta tragédia que caiu sobre os tradicionalistas católicos, particularmente sobre a Fraternidade São Pio X. Perdão, Rev.mos Senhores Sacerdotes, mas os senhores darão severas contas a Deus de vossa covardia e omissão. Esperar os chefes retardatários? Mas como não tomar a inciativa se o incêndio se alastra, sobretudo com o atual processo de erosão que só tem conseguido destruir ou imobilizar as resistências e energias? Medo de castigo? Os senhores são filhos dos mártires! Acordem! Levantem-se, nem que seja para morrerem pela Fé.
De qualquer forma quero também cumprir aqui o grave dever da gratidão. Em nome da nossa pequena comunidade; das almas fiéis à Sagrada Tradição Católica; em nome da Igreja e do mundo, eu quero proclamar, o mais alto que posso a profunda gratidão a Mons. Marcel Lefebvre, a seus sábios, castos, virtuosos e zelosos sacerdotes, por sua preciosa contribuição em favor do Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, e em favor da verdade. Como esquecer as visitas episcopais, as ordenações, as confirmações, o bem que fazia, ver ainda existindo, figuras admiráveis de verdadeiros Bispos católicos, os Seminários, os preciosos e sólidos livros e revistas e particularmente para nós, os menores, a obtenção fácil de intenções de missas que os generosos fiéis encomendavam, enfim, todo o imenso bem que a obra do grande Arcebispo espalhava, impossível de ser exaustivamente aqui catalogada nem esquecida.
Mons. Williamson, que evidentemente quer se salvar, não vai poder ficar omisso perante o sinal que lhe deu o Senhor da Fé com sua expulsão.
E eu espero ardentemente que todos aqueles que não dobraram os joelhos diante de Baal, adiram firmemente a ele, pois é um BISPO. Pode haver Igreja sem BISPO? Tempos duros estes nossos, mas em que o Bom Deus suscita um Bispo para conservar a Igreja. E quando, algumas dezenas de anos depois, sua obra de desmorona, o Bom Deus tem por bem, em sua admirável Providência, suscitar outro para o incansável trabalho de recomeçar, do mesmo modo como faz o indivíduo lutando contra suas próprias misérias. Nunca desanimar. Recomeçar, recomeçar, recomeçar.
Que o Imaculado Coração receba de nós, cada vez mais vezes os 15 mistérios do Santo Rosário, para nos conduzir com segurança ao Coração de Seu Filho.
Declaro diante de Deus, que há de me julgar, que esta pública profissão de fé, de resistência católica e repúdio à Revolução é aqui feita em meu nome e de cada um dos membros da Familia Beatae Mariae Virginis, nossa pequena comunidade.
Do Mosteiro de Nossa Senhora da Fé e Rosário, Candeias, Brasil, aos 14 de novembro de 2012, memória do Martírio de São Serapião, religioso mercedário, glorioso mártir inglês da Fé Católica.
Padre Jahir Britto de Souza e Irmãos.