Comentários Eleison: VIGANÒ SEDEVACANTISTA? – I

 

Por Dom Williamson

Número DCCCLX (860) – 06 de janeiro de 2024

VIGANÒ SEDEVACANTISTA? – I

 

Leitores, preparem-se para analisar, na próxima semana,

O pensamento de um clérigo valente e sábio.

1 No dia 9 deste último mês do ano, Dom Viganò proferiu mais uma das suas esplêndidas Conferências, na qual questionou se o Papa Bergoglio é verdadeiramente Papa. O problema é bem conhecido pelos católicos: ao longo dos últimos dez anos, a Autoridade Católica foi distorcida num autoritarismo arrogante, o próprio sacerdócio de Deus foi distorcido num clericalismo humano, e a Verdade revelada de Deus foi distorcida na revolução e no caos permanentes do homem.

2 Quanto às autoridades da Igreja que estão abaixo do Papa para ajudá-lo a proteger essa Verdade, ou são seus cúmplices ou têm tanto medo dele que as poucas vozes discordantes não se atrevem a tirar as conclusões necessárias, principalmente porque idolatram o Vaticano II. Podem criticar Bergoglio e discordar dele, mas não do Vaticano II. Esses bons homens não querem reconhecer que o processo revolucionário que tornou possível uma pessoa como Bergoglio chegar a ser bispo e cardeal, e finalmente entrar no Conclave e sair “Papa”, se deveu ao Concílio, que para eles é intocável. Assim, somos obrigados a concluir que certas pessoas se preocupam mais com a doutrina do Papado do que com a salvação das almas. Elas preferem ser governadas por um Papa herege e apóstata a reconhecer que um herege ou um apóstata não pode ser cabeça da Igreja à qual, como tal, não pertence.

3 Nenhum Doutor da Igreja chegou alguma vez a contemplar o caso de um Papa apóstata como Bergoglio. Algo dessa dimensão só poderia acontecer num contexto único e extraordinário como o da perseguição final predita pelo profeta Daniel e descrita por São Paulo. E essa “operação do erro” (II Tes. II, 13) é tão eficiente e bem organizada que mostra claramente uma inteligência luciferiana em ação. É por isso que o “problema Bergoglio” não pode ser resolvido de nenhuma maneira ordinária: nenhuma sociedade pode sobreviver à corrupção total da autoridade que a governa, e com a Igreja não é diferente.

4 Nem essa “operação” é meramente a questão de um papa aderir a uma heresia específica (o que, ademais, Bergoglio tem feito repetidamente). Trata-se de um personagem enviado ao Conclave com ordens de revolucionar a Igreja do alto da Cátedra de Pedro. É esta intenção maliciosa de abusar da autoridade e do poder do Papado, adquirida por meio do engano, que faz de Bergoglio um usurpador do Trono de Pedro. Nem podemos comportar-nos como se estivéssemos resolvendo uma questão de Direito Canónico: o Senhor está sendo ultrajado, a Igreja está sendo humilhada e as almas estão se perdendo porque quem está sentado no Trono de Pedro é um usurpador. O comportamento invariável de Bergoglio – antes, durante e depois da sua eleição – é prova suficiente da sua iniquidade inerente. Podemos, portanto, estar moralmente seguros de que ele é um falso profeta? Sim. Estamos, portanto, autorizados em consciência a revogar a nossa obediência àquele que, apresentando-se como Papa, age como o javali bíblico na Vinha do Senhor? Sim.

5 No entanto, não podemos fazer nenhuma declaração oficial de que Bergoglio não é Papa, porque não temos autoridade para isso. Este terrível impasse em que nos encontramos torna impossível qualquer solução meramente humana. A nossa tarefa, porém, não deve ser lutar contra especulações canonistas abstratas, mas resistir com todas as nossas forças – e com a ajuda da graça de Deus – à ação explicitamente destrutiva do jesuíta argentino, rejeitando com coragem e determinação qualquer colaboração, mesmo indireta, com ele ou seus cúmplices.

6 Não nos enganemos: aqueles que persistem em ler a situação atual com olhos meramente humanos expõem não só a si mesmos, mas toda a humanidade à continuação e ao agravamento dessa situação: Pois a nossa batalha não é contra criaturas feitas de carne e osso, mas contra os principados e as potestades, contra os governantes deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal que habitam nas regiões superiores (Ef. VI, 12).

Kyrie eleison.


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