Número DCCXCII (793) – 24 de setembro de 2022
ROSÁRIO ARMADO?
Deus não é servido por lutas meramente humanas,
Mas somente pelo afã de servir aos Seus direitos.
Na véspera da festa da Assunção, apareceu na revista “Atlantic”, publicada nos EUA, um artigo que causou algum rebuliço ao associar o Rosário a uma violência e a um terrorismo de direita. Escrito por um tal Daniel Palleton, residente em Toronto, Canadá, foi intitulado: “Como a cultura armamentista extremista está tentando cooptar o Rosário”, e teve como subtítulo: “Por que as contas sacramentais aparecem de repente ao lado de AR-15’s na Internet?” (O fuzil do tipo AR-15 é um fuzil popular leve semiautomático). Segue um resumo dos 13 parágrafos do artigo de Panneton.
1 Os católicos Rad-Trad (ou seja, radicais-tradicionalistas) estão transformando o Rosário em uma arma de violência.
2 Exibem-no na Internet em suas páginas nas redes sociais, onde têm milhares de seguidores.
3 Assim, associado à violência e ao racismo da extrema direita, o Rosário prepara o terrorismo do mundo real.
4 De fato, o Rosário há muito está associado à luta da Igreja Militante contra seus inimigos.
5 No catolicismo convencional, o Rosário não é uma ameaça, mas os católicos radicais não são convencionais.
6 Eles são masculinistas com mentalidade de milícia, que jogam jogos de guerra,
7 com sua própria indústria artesanal de serviços e bens à venda, incluindo “Rosários de combate”.
8 Têm fantasias masculinas de recorrer à violência em defesa de suas famílias ou igrejas.
9 Os nacionalistas cristãos, que antes desconfiavam deles, agora os aceitam cada vez mais.
10 De fato, os Rad-trads e os nacionalistas cristãos estão compartilhando um ideal de “violência justa”.
11 Pode ser que esses dois lados ainda estejam divididos em questões de doutrina e religião,
12 mas podem envolver-se e se envolvem em causas comuns, como, por exemplo, sua homofobia e sua hostilidade em relação ao aborto.
13 Os Rad-Trads têm o dever de amar e perdoar, mas hoje eles estão transformando o Santo Rosário em uma arma de violência e guerra física.
O único ponto que Panneton acerta é que há uma enorme guerra acontecendo entre combatentes de “esquerda” e de “direita” em todo o mundo. É uma guerra imensa, porque para ambos os lados se trata de uma cruzada sagrada. Isso porque é de fato uma guerra a favor ou contra Deus. Em razão de Deus Todo-Poderoso ser hoje tão amplamente desprezado e desacreditado, os “esquerdistas” normais podem não compreender que sua luta mesma é uma cruzada para destruir os últimos restos da cristandade, mas a cruzada é para isso. Quanto aos “direitistas”, eles estarão prejudicando sua própria cruzada para defender ou preservar a decência pós-cristã se não a basearem em Deus, que é a força fundamental deles. Um exemplo notável é sua luta contra o aborto. Se esses direitistas continuarem preferindo ficar sem Deus, sua revogação de “Roe v. Wade” será revertida mais uma vez. Compartilhar a despreocupação dos “esquerdistas” em relação a Deus certamente não faz com que muitos “direitistas” sejam melhores do que eles.
Portanto, se o Rosário sempre foi realmente um grande meio de defesa da cristandade, como em 1571 em Lepanto, em 1683 em Viena, em 1955 na Áustria, é porque é muito centrado em Deus, em Nosso Senhor e Nossa Senhora. Somente se os guerreiros do Rosário de hoje estiverem realmente afastando-se de Deus para lutar contra os esquerdistas com as armas usadas pelos esquerdistas para lutar contra Deus, Panneton tem razão. Mas se aqueles que rezam o Rosário se esquecem dos direitistas ou dos esquerdistas quando o utilizam para preencher-se com os interesses de Deus, então, seguramente, mais uma vez o Rosário poderá salvar a cristandade.
Kyrie eleison.