Número DCCCLXVIII (868) – 2 de março de 2024
HONRANDO OS APÓSTATAS
A Neofraternidade não se compromete?
Honrar os apóstatas não é algo sábio!
Se estes “Comentários” algumas vezes chocam as almas piedosas pela forma como podem referir-se à Neoigreja (desde 1965) ou à Neofraternidade Sacerdotal São Pio X (desde 2012) de uma perspectiva positiva em relação a algo em específico, saibam elas que é tão somente por razões pastorais. E isto se dá porque muitos católicos estão segurando a sua Fé Católica pelas pontas dos dedos através da Neoigreja ou da Neofraternidade, e sem a Neoigreja ou a Neofraternidade eles poderiam facilmente abandoná-la. Em muitos desses casos certamente se aplica o provérbio: “Melhor meio pão do que nenhum pão”. Por outro lado, por razões doutrinais, esta forma de manter a Fé tem os seus sérios perigos, porque tanto a Neoigreja como a Neofraternidade fizeram compromissos doutrinários que são perigosos para a preservação da Fé Católica. Eis uma lição valiosa no artigo que se segue, escrito por um monge beneditino do Mosteiro da Santa Cruz, próximo ao Rio de Janeiro. Enviamos a “Arsenius” (seu pseudônimo) os nossos sinceros agradecimentos.
Desde a oficialização do humanismo, por obra dos Padres Conciliares do Vaticano II (1962-1965), os Papas e seus assessores só avançam em um plano fortemente inclinado para o abismo, com a característica própria da queda: a aceleração contínua à medida que a queda se precipita. Esse quadro não é, de modo algum, propício a causar em nós a mínima esperança de um vislumbre de desejo de qualquer um deles no sentido de ajudar, sob qualquer forma, a Tradição (entendida como sendo simplesmente a Santa Igreja). Apesar disso, houve quem não só tivesse essa esperança, mas uma estranha certeza de que as coisas estavam melhorando (?) em Roma com relação à Tradição (no sentido, agora sim, de um grupo que quer entrar em uma condenável “unidade na diversidade”). E essa foi a causa da tão enigmática (para muitos) separação entre a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e a chamada Resistência.
O ano de 2012 foi definitivo para a divisão de águas: o Capítulo Geral da Fraternidade muda a resolução do Capítulo Geral de 2006: antes, a Fraternidade se comprometia a não fazer acordo com Roma enquanto nesta não triunfasse a verdade católica. Agora, o acordo prático é desejado, sem que essa verdade haja voltado à cabeça do Papa e de seus assessores. Dom Williamson é proibido de comparecer ao Capítulo. Depois ele é expulso da Fraternidade.
Os anos seguintes vão ser palco de uma aproximação cada vez mais marcante entre Roma e a Fraternidade: gradativamente, Roma torna “legítimos” matrimônios, ordenações sacerdotais e confissões administrados pela Fraternidade. Isso seria a concretização da famosa frase “Roma dá tudo e não pede nada”? A qual seria, assim, uma realidade e não uma ilusão? Poderíamos responder que isso foi apenas uma maneira de fazer com que a Fraternidade agisse, dali para o futuro, cada vez mais, somente com a aprovação da Roma modernista, sem mais basear sua atividade no estado de necessidade geral e grave, pois este haveria perdido sua realidade a partir do momento em que a Tradição teria sido “oficializada” por Roma, a qual, no entanto, estaria esperando o dia em que iria “puxar o tapete”, colocando a Fraternidade diante de uma perplexidade na qual ela mesma se colocou. Mas, talvez, o recente anúncio de que a Fraternidade vai sagrar um ou mais bispos sem a permissão de Roma, seja um sinal de que tudo vai voltar à situação como era antes do ano de 2012. Isso nos parece, infelizmente, quase impossível. Uma volta ao mesmo espírito combativo de Dom Lefebvre contra os inimigos da Igreja instalados em Roma parece-nos uma herança majoritariamente perdida dentro da Fraternidade. O futuro nos parece sombrio, apesar de que Deus não deixa de agir em muitas almas através da ação dos membros da Fraternidade. Mas isso não impede de constatar que ela deveria corrigir vários de seus princípios de ação.
Uma coisa é certa, quanto maiores são os escândalos dados no atual pontificado, tanto maior é a possibilidade de que se desvaneçam as ilusões de aproximação com a Roma atual.
Que Nossa Senhora nos faça compreender bem e amar profundamente a Igreja de todos os séculos, a qual não se identifica com esta caricatura construída no Concílio Vaticano II e na sua posterior aplicação, através dos pontificados que se lhe seguiram.
Kyrie eleison.