Número DCCXCIV (794) – 1º de outubro de 2022
ENGANADO, ENGANANDO
Os homens querem governar o mundo no lugar de Deus.
Veremos suas ações resultando em um desastre!
Há um velho e famoso ditado latino que diz: “Quando os deuses querem destruir alguém, primeiro eles o enlouquecem”.
Pela atual decadência moral e loucura suicida da Europa, sabemos que ela está enlouquecendo. Deve-se temer muito o fato de que esteja deixando-se enganar de uma maneira pela qual só ela mesma pode levar a culpa, e que então esteja contribuindo para enganar o mundo inteiro. Esse é o argumento de um tal Patrick Foy em uma carta circular dirigida aos “amigos e interlocutores” no final do último mês de agosto. Observe-se como, e tal como é típico do homem moderno, ele não inclui os deuses ou o único Deus verdadeiro, mas nada em sua análise clara do estado atual da Alemanha (onde ele vive) no plano natural contradiz qualquer análise plenamente sobrenatural; pelo contrário.
Oh, meu Deus, será que a Alemanha está prestes a chocar-se contra o muro? Pelo que tenho lido, fora dos recintos internos da grande mídia americana, a resposta a essa pergunta parece ser: “Sim, se nada mudar, o muro será atingido neste inverno”. Certamente, a possibilidade existe. Tudo se resume à guerra instigada por Washington na Ucrânia e ao fato de que a Alemanha, assim como o resto da Europa, foi suficientemente tola para engolir a falsa narrativa de Washington e seguir sua direção autodestrutiva.
Antes da intervenção russa em 24 de fevereiro, a saída para um acordo negociado com a Ucrânia foi pelos ares quando a UE e a OTAN, basicamente a Alemanha e a França, abandonaram o acordo de Minsk II em 2014. Esse acordo, que a Ucrânia assinou, com a França e a Alemanha como garantidores, teria proporcionado certo grau de autonomia dentro da Ucrânia para partes do leste da Ucrânia de língua russa. Se se observa o mapa do campo de batalha atual, é essa área limitada que a Rússia ocupa agora. É esta área que queria separar-se da Ucrânia e unir-se à Federação Russa. A população russa pede ajuda a Putin desde que a CIA e o machado de guerra neoconservador, Victoria Nuland, orquestraram o golpe de 2014 em Kiev, que derrubou o governo eleito.
Não é necessário entrar em detalhes lamentáveis. O que importa é que Washington pegou o telefone, ligou para Berlim e Paris e disse: “suspendam Minsk II!”. As negociações com Moscou foram interrompidas. Minsk II foi descartado. Isso levou direta e logicamente à guerra que temos agora, e às subsequentes e esmagadoras sanções contra a Rússia, ditadas novamente por Washington. Parece-me ter sido parte de um plano. Aquele palhaço de Londres, Boris Johnson, encorajou Berlim e Paris em sua loucura. Agora a economia da Europa está entrando em colapso devido à falta de energia que a Rússia fornecia rotineiramente. A Rússia não era (e não é) inimiga da Europa. Era uma parceira. Mas assim que a Alemanha e a França jogaram Minsk II ao mar e deixaram Washington ditar a agenda, a Europa estava condenada. Evidentemente, os líderes europeus não podem conceber seus próprios interesses. É muito mais fácil receber ordens de Washington.
David Stockman, guru do orçamento do presidente Reagan na década de 1980, resumiu melhor as consequências econômicas em sua publicação de 23 de agosto: “Winter is coming [O inverno está chegando]”. Ele escreveu que a perda autoinfligida da Europa dos suprimentos energéticos russos, promulgada por Washington, significará “literalmente milhões de lares escuros e congelantes na Europa, e os preços da energia disparando para a lua”.
Talvez as coisas não sejam tão ruins como parecem, diz Foy, mas tudo foi desnecessário, tanto a guerra na Ucrânia quanto as sanções contra a Rússia que trouxeram como um bumerangue consequências negativas, e os resultados finais para o mundo inteiro. Pode ser, conclui Foy, que Berlim, Paris e Londres tenham se tornado cachorrinhos de colo incapazes de pensar por si mesmos, mas os principais culpados são os cérebros de Washington, que se intrometem nos assuntos europeus desde o final da Guerra Fria em 1989.
Kyrie eleison.