Número DCCCVII (807) – 2 de janeiro de 2022
A TRADIÇÃO SE FORTALECE
A “Roma” de hoje não cuidará adequadamente de suas ovelhas?
Então precisamos ter pastores que guardem a verdadeira Fé.
(Com um pedido de desculpas pela publicação tardia destes CE em particular.)
Neste início de Ano Novo está prevista a ordenação, na Ilha Esmeralda, de outro sacerdote para a Tradição Católica, por um Bispo que é bem conhecido naquele país não como tal, mas como padre. Isto se deve ao fato de que ele foi consagrado em privado há quase dois anos, em janeiro de 2021, quando, devido à falsa crise da covid, todas as restrições para viajar estavam a pleno vapor. Estava então parecendo que a Irlanda ficaria completamente isolada da Inglaterra por um período indefinido. Desse modo, o que mais poderia continuar protegendo, na “Terra dos Santos e Eruditos”, aqueles católicos que compreendem os perigos para a sua Fé, tanto no que diz respeito à Neoigreja como à Neofraternidade Sacerdotal São Pio X? Esses católicos podem não ser numerosos, mas por sua rara compreensão da Fé católica imutável, eles têm uma rara importância para o futuro da Igreja. Essa preciosa consagração poderia ter permanecido privada por mais tempo, se as circunstâncias não parecessem tornar-se cada vez mais hostis à Tradição Católica.
Assim como os Bispos católicos são essenciais para a sobrevivência da Igreja, por meio do poder das Ordens Sacras, para ordenar padres e consagrar Bispos, os Bispos tradicionais também têm sido essenciais para a sobrevivência da Tradição Católica. Quando o Arcebispo Lefebvre consagrou quatro Bispos em 1988 sem a permissão clara dos líderes oficiais da Igreja em Roma, que ninguém pense que ele estava simplesmente desafiando esses líderes, porque estes, na verdade, haviam dado permissão em princípio para que pelo menos um daqueles então padres fosse consagrado. Mas na hora de marcar uma data para a consagração, o então Cardeal Ratzinger evitou por tantas vezes fazê-lo, que o Arcebispo viu claramente que nunca poderia, na prática, usar a permissão que a autoridade eclesiástica lhe havia inicialmente concedido. Esse momento foi decisivo para que o Arcebispo Lefebvre compreendesse que a Verdade Católica nunca seria devidamente defendida pelos modernistas que governavam em “Roma”, e por isso ele foi em frente e consagrou como Bispos quatro de seus próprios padres, para garantir a “Operação Sobrevivência” – como ele a chamou –, a sobrevivência mesma da Tradição Católica.
Na época, muitos católicos crentes não entenderam sua atitude e a condenaram abertamente; mas hoje, depois da Pachamama e de pretender-se abolir o rito Tradicional da Missa com a Traditionis Custodes, e depois de uma série de outras heresias virem do topo da Neoigreja, muitos desses mesmos católicos agora admitem que foi em grande parte graças àquelas consagrações de 1988 que a verdadeira Igreja sobreviveu. Na crise sem precedentes da Igreja, acelerada por seus próprios líderes que separaram sua Autoridade Católica da Verdade Católica no Vaticano II (1962-1965), o Arcebispo Lefebvre nunca desprezou ou desafiou a verdadeira Autoridade da Igreja; ele simplesmente colocou a Verdade da Tradição na frente dessa Autoridade encarnada nos neomodernistas; e, ao fazê-lo, cada vez mais católicos ainda têm uma Tradição à qual podem unir-se. As almas honestas entre eles reconhecem a dívida imensurável da Madre Igreja para com o Arcebispo.
Agora, no início da década de 2020, Deus Todo-Poderoso ainda não achou por bem reunir a Verdade Católica e a Autoridade Católica, então os neomodernistas ainda estão no controle de “Roma”, e a Fé ainda precisa ser sustentada apesar de “Roma” . Portanto, deve-se dar sequência àquilo que o Arcebispo iniciou ao colocar a Verdade antes da Autoridade. No entanto, ainda que a Verdade Católica deva ser preferida em última instância à Autoridade Católica – que foi instituída por Nosso Senhor somente para defendê-la – caso a “Autoridade” se oponha a essa Verdade, a mesma Verdade em um mundo decaído precisa da Autoridade para protegê-la, de modo que sem essa Autoridade do alto a Verdade terá sérias dificuldades. Por exemplo, os sucessores do Arcebispo tiveram tantos problemas para liderar a Fraternidade depois de sua morte que, por meio de uma política de busca por aprovação de “Roma” (muito além do que ele teria feito), eles mudaram tanto a Fraternidade do Arcebispo, que se tornou conveniente dar a ela um novo nome, como, por exemplo, “Neofraternidade”. E tal como a multidão de católicos depois do Vaticano II seguiu seus líderes da Igreja para a Neoigreja, os seguidores da Fraternidade do Arcebispo seguiram seus sucessores em sua Fraternidade para aquela que então se pode chamar “Neofraternidade”, uma vez que esses sucessores contam com a aprovação oficial dos neomodernistas de “Roma”.
É por isso que, tal como em 1988, ou ainda mais hoje em dia, para a sobrevivência da Tradição Católica, surge a necessidade da consagração de Bispos sem Autoridade Romana, por assim dizer, para manter a defesa da Fé do Arcebispo acima de tudo. Daí a consagração, em particular, do padre Giacomo Ballini, aqui na Inglaterra, em 14 de janeiro de 2021. A atual crise da covid mostrou com que coragem ele velou pela Missa e pela Fé de sempre.
Kyrie eleison.